Nós Dois na Madrugada começa de um jeito peculiar: os corpos do casal de protagonistas são resgatados de um lago, acorrentados pelos pulsos. Com o destino dos protagonistas em mente, os autores retomam o conturbado relacionamento para responder ás maiores perguntas dos leitores: foi suicídio? assassinato? por que?. Leiam a resenha abaixo para saber mais :)

Escrito em dupla pelos dinamarqueses Sanne Munk Jensen e Glenn Ringtved, a obra narra a trágica paixão entre Liam e Louise, indo da descoberta de um novo amor ao fim de suas vidas, quando seus corpos são resgatados de um lago com as mãos algemadas.
É errado começar essa resenha sem alertar os leitores sobre assuntos sensíveis: eles existem no livro, e não são poucos. 'Nós Dois na Madrugada' dilacera a realidade, mas não o cotidiano: os autores ousaram ir além dos limites em situações extremas e delicadas, colocando os protagonistas sob perspectivas que chocam o leitor em muitas camadas.
Para começar, vamos analisar os protagonistas. Tanto o Liam quanto a Louise são bem construídos, com personalidades bem embasadas pelo contexto em que cresceram. Enquanto ele sofreu a ausência da mãe em casa e lutou para amparar o irmão mais novo, ela cresceu em uma família disfuncional que nunca descobriu como criar uma filha. As consequências desses problemas aparecem quando os dois se conhecem, e desse encontro nasce um relacionamento intrinsecamente perigoso e caliginoso.
Narrado de forma póstuma por Louise, acompanhamos os dois em todas as fases desse romance conturbado que abraçou tudo, do bom ao ruim, do céu ao inferno. O relacionamento entre os protagonistas passa por várias fases subjetivas, da paixão exploradora ao cativeiro emocional, em uma dança que conduz ambos ao pior destino possível. Drogas, abusos, álcool, abandono e luto são alguns dos temas abordados, todos girando em torno do melodrama juvenil da luta para encontrar seu lugar no mundo.
No geral, o valor de Nós Dois na Madrugada se encontra na maestria dos autores ao empregar subjetividade aos personagens e ás situações, valorizando a obra por apresentar novos pontos de vista sobre uma temática já tão explorada. Sanne e Glenn não escrevem somente sobre a mente dos protagonistas; eles mostram personagens complexos através de ações, ou mesmo reações. Indico a leitura, mas com ressalvas! Por abordar assuntos fortes e acontecimentos traumatizantes, recomendo para quem estiver ciente do quão pesado esse livro é. Lembrando, é claro, que a classificação indicativa do livro é para maiores de 16 anos.
Escutei Eve, da Precious Pepala, enquanto escrevia este post.