Depois de muito postergar, finalmente li algo do Carlos Ruiz Zafón! Marina, uma de suas primeiras obras e antecessora da série 'Cemitério de livros perdidos', é um suspense infanto-juvenil em sua forma mais tradicional. Confiram a resenha abaixo :)

NomeMarina
Autor: Carlos Ruiz Zafón
Editora: Suma
Páginas: 192
Ano: 2011
ISBN: 9788581050164
Nota do blog★★★ (3/5)
Onde encontrarAmazon / Goodreads / Skoob
Sinopse: Na Barcelona dos anos 1980, o menino Óscar Drai, um solitário aluno de internato, conhece Marina, uma jovem misteriosa que vive num casarão com o pai idoso. Em passeios pela cidade, os dois presenciam uma cena estranha num cemitério e se envolvem na resolução de um mistério que remonta aos anos 1940. Numa tentativa inútil de escapar da própria memória, Oscar abandona sua cidade. Acreditava que, colocando-se a uma distância segura, as vozes do passado se calariam. Quinze anos mais tarde, ele regressa à cidade para exorcizar seus fantasmas e enfrentar suas lembranças - a macabra aventura que marcou sua juventude, o terror e a loucura que cercaram a história de amor.
Vivendo em um internato, Oscar tem a rotina como única companheira. Seus dias são divididos entre a monotonia da escola e aventuras escondidas pelas ruas de Barcelona. Tudo muda, porém, quando conhece a misteriosa Marina, moradora de um dos velhos casarões que pertenceram, no passado, a alta sociedade barcelonesa. Nutrindo fortes sentimentos pela garota, ele a acompanha em pequenas aventuras pelas ruas da cidade, até que ambos se deparam com um misterioso símbolo, ilustrando uma borboleta negra, registrado em diversos pontos pela cidade. A partir disso, ambos entram em uma investigação frenética que os leva a lugares inimagináveis. 

A sinopse de Marina é daquelas que revelam pouco do desenvolvimento do enredo, focando em pinceladas superficiais sobre a estrutura inicial. Quando comecei a leitura, fiquei em dúvida se haveria elementos sobrenaturais ou se o autor partiria para algo mais extremo no âmbito realista. Essa dúvida foi sanada nos últimos capítulos, mas não funcionou comigo. 

Toda a construção da obra foi forjada em um clima tenso, com casarões abandonados e ruas vazias como ambientação, mas o autor não conseguiu aplicar a mesma intensidade no mistério que rodeia os personagens. Na primeira metade do livro, acompanhamos o nascimento da relação de Oscar e Marina, com um desenrolar tímido que remete à escrita do John Green. Já na segunda, quando o mistério começa a ser explorado, o ritmo acelera e algumas pistas são liberadas, de forma aparentemente aleatória. 

O problema começa quando não há uma definição imediata do mistério. Você sabe que está acontecendo uma movimentação, mas não consegue ter a noção necessária para montar um quadro. É um sentimento de suspeita geral, de que algo está errado, sem definição desse algo até os últimos capítulos. Por consequência disso, o desfecho me deu a sensação de ter sido abrupto, com conclusões fracas e cômodas, criadas apenas para reunir as pontas soltas. Alguns personagens promissores tiveram um desenvolvimento que não passa de meia página (Maria), e até os principais (que não o Oscar) sofreram com a falta de profundidade. O fato de a obra ser narrada em primeira pessoa, pelo ponto de vista do protagonista, não impede que os outros sejam bem desenvolvidos e tenham papel essencial na trama com um todo. 

O clímax das revelações perdura por 2, 3 capítulos, e então o autor adota um tom dramático nos dois últimos. Apesar de arrastado e contrastante com o resto da obra, alguns pontos dessa fase me surpreenderam positivamente, melhorando a impressão final que o enredo deixou em mim. Não previ a grande revelação desse momento, mesmo com sinais que, agora, vejo nítidos ao longo do enredo. 

Assim, mesmo com tantos pontos negativos, ainda foi uma leitura prazerosa que prendeu minha atenção. Não tenho dúvidas sobre dar uma chance a outras obras do autor, principalmente aquelas relacionadas à ‘A Sombra do Vento’, seu auge bibliográfico. 

★★★ (3/5)


Escutei Labor, da Paloma Paris, enquanto escrevia o post.

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